Hoje, no Porto, várias pessoas decidiram juntar-se para aprender mais sobre dados e mapas abertos. O evento insere-se numa iniciativa global, chamada Open Data Day, que acontece em várias cidades pelo mundo fora. O Open Data Day é uma cena bem importante, pois os benefícios da informação acessível ao público são muitos – dados abertos são dados que são todos, que todos podem editar e utilizar, criando inovação em cima deles.
No Open Data Day, no Porto, o ponto de encontro foi uma plataforma chamada Open Street Map. Basicamente são mapas que, em vez de serem construídos por uma empresa como a Google, são criados pelas pessoas, nos locais que conhecem. É uma cena comunitária. Podem pensar no Open Street Map como uma “Wikipedia” dos mapas ou um “Google Maps” aberto.
O Open Street Map não é um serviço, mas um conjunto de dados que não pertencem a uma pessoa ou entidade, mas antes à comunidade. Quer isso dizer que qualquer um pode utilizar o Open Street Map para criar apps ou outras inovações. É o que fez, por exemplo, a Mapbox, empresa que desenvolveu um conjunto de serviços em cima do Open Street Map e que decidiu, dessa forma, fazer dinheiro. Também a portuguesa Sapo utiliza o Open Street Map no seu serviço de mapas.
No Open Data Day, no Porto, pudemos ter um workshop com Jorge Gustavo Rocha, membro do Open Street Map, que nos deu umas bases sobre como mexer num software de código aberto chamado QCIS, “brincando” com mapas e dados disponíveis publicamente. Jorge começou a sessão por explicar assim o que são dados abertos: “O digital tem uma coisa fantástica que não acontece no mundo físico. Enquanto que no mundo físico se partilho uma empada fico sem uma parte, no digital posso dar uma empada e ficar com uma empada na mesma.”
O Open Data Day está no Porto desde que existe a nível global, ou seja, desde 2010. É organizado informalmente por quatro amigos – o Ricardo, a Ana, a Marta e o João – que gostam desta temática dos dados abertos, e que queriam um espaço (aberto) para discuti-la e “meter as mãos na massa”. Todos os meses promovem um encontro, tendo este Open Date Day sido um deles – mas especial. Em cada encontro, os participantes criam coisas como apps, jogos e serviços utilizando dados públicos, o que ajuda-os a perceber as limitações sociais e políticas desse tipo de informação. O objectivo destes encontros é também encontrar pessoas que gostem tanto como eles de dados, de código aberto e da filosofia de partilha, liberdade e transparência a eles associados.
Podem encontrar mais detalhes sobre estes encontros – baptizados de Date With Data – na página oficial do projecto, bem como algumas das aplicações que deles resultaram, como um guia sobre dados abertos, um directório de toda a informação disponibilizada publicamente, etc. O próximo Date With Data será no sábado 14 de Abril na UPTEC, no Porto.
Este Open Data Day Porto contou com três oradores da parte da tarde. João Pina, o guerreiro incansável do Fogos.pt, contou a história do projecto e os próximos passos: um novo site e novas apps Android e iOS, bem como a disponibilização de todo o código de forma aberta e gratuita, para envolver a comunidade interessada no desenvolvimento do Fogos.pt. Falou também Francisco Caldeira, do Instituto Nacional de Estatística (INE); explicou a política do INE de disponibilizar todos os dados estatísticos gratuitamente online, bem como da evolução tecnológica (leia-se digitalização) do processo dos Censos (os próximos serão em 2021).
Por fim, tivemos Miguel Tavares, da Câmara Municipal de Águeda, a falar de como esta autarquia substituiu todo o software proprietário (como o Microsoft Office) por software livre (como o LibreOffice) e da aposta em iniciativas de dados abertos, através do Open Street Map. Aparentemente Águeda tem utilizado esta plataforma para, não só se pôr literalmente no mapa, mas também para ajudar a gerir a cidade, seja ao nível de tráfego automóvel, seja no âmbito do planeamento urbano.