Já tinha apanhado a estratégia do MEO de activar serviços aos clientes sem estes pedirem no ano passado, com a “tarifa diária” de roaming. Basicamente, por 0,99 €/dia, podia ter-se um plafond de chamadas, SMS e net para usar lá fora. Porreiro, só que o MEO não avisava os clientes da existência dessa “tarifa diária”, activando-a automaticamente após ser realizada uma comunicação. Assim, um simples SMS podia custar 0,99 € em vez de apenas 0,02 €.
Agora, o MEO foi mais longe nesta estratégia de tentar “passar a perna” aos clientes. No início de Agosto, “premiou” todos eles com 2 GB de net à borla no telemóvel, para usar durante o mês. Pormenor: não cancelando a oferta até ao dia 31, são cobrados 1,99 euros no dia 1, pois o plano dos 2 GB é renovado automaticamente.
Portanto, o MEO montou uma teia fácil para apanhar os mais e menos distraídos. Quantos já não assinaram um serviço por ter um período experimental gratuito e se esqueceram de fazer o cancelamento antes da data limite para não pagar nada? Nesses casos, somos nós que pedimos o serviço – não é algo imposto. O que o MEO fez foi grave.
A primeira coisa que fiz foi ligar para o número e cancelar tudo – uma voz automatizada explicou-me, do outro lado, que fazendo-o perdia os 2 GB deste mês. Tudo bem.
Desconheço a legalidade desta campanha do MEO, mas deixa-me a pensar quais os limites de acção para esta operadora. Felizmente a ANACOM, regulador do sector, já veio ordenar a “cessação imediata da campanha” por considerar que “fazer equivaler o silêncio dos assinantes a uma declaração de aceitação, é lesiva dos interesses dos assinantes e incompatível com diversas disposições legais”.