Tenho muita pena da falta de literacia digital de colegas jornalistas e editores, revelada uma vez mais nestes últimos dias. O que muitos escreveram e disseram sobre o Discord nos jornais e televisões é revelador de uma ignorância tonta e lamentável.
Não sei o que está a falhar, mas a comunicação social precisa, de uma vez por todas, de começar a compreender o mundo digital e de o levar a sério. A digitalização não tem abrandado e a revolução tecnológica vai continuar a levantar inúmeros desafios, questionando valores e costumes enraizados na sociedade – é preciso que o jornalismo esteja preparado para tudo isto e que tenha bagagem cultural e conhecimento para tratar estes assuntos.
A comunicação social mainstream precisa também de olhar mais vezes para o panorama alternativo, abrindo os seus horizontes. Projectos jornalísticos como o Shifter não só andam a abordar a transição digital como ninguém em Portugal, como usam há largos meses o Discord como plataforma de trabalho e de interacção com a sua comunidade. O mesmo começou a fazer mais recentemente o Lisboa Para Pessoas – enquanto verdadeira revista comunitária, junta hoje no Discord uma das maiores e mais dinâmicas comunidades sobre a cidade de Lisboa.