
Dizem-me que sou uma pessoa de ideias fixas, ou seja, quando quero criar algo simplesmente avanço e começo a fazer. O lado mau disso é que, por vezes, saem-me projectos sem muito pensamento e planeamento prévio, e que se vão resolvendo à medida que o tempo passa. O lado bom é que acabo por tirar do papel ideias que tenho, em vez de adiar. Esta teimosia fez-me lançar o Shifter há oito anos e este ano o Lisboa Para Pessoas.
O Lisboa Para Pessoas é fruto da minha teimosia e do meu tempo, mas a experiência que acumulei com o Shifter permitiu-me não cometer os mesmos erros. Entre a primeira página criada em Junho de 2020 e o lançamento do projecto ao público no final de Fevereiro deste ano, muitas horas de trabalho solitário se desenrolaram. O objectivo inicial passava por agregar num mesmo espaço informação sobre a cidade que se encontrava dispersa e que poderia ser muito útil para quem andasse ou quisesse começar a andar de transportes públicos, de bicicleta ou a pé em Lisboa. Mas, à medida que o Lisboa Para Pessoas foi ganhando corpo – entre criar páginas, textos, notícias, fazer e inserir imagens, e entre incontáveis alterações até ao resultado final –, fui também percebendo o que o projecto poderia ser.
Algo que percebi bem cedo é que mais que um agregador, o Lisboa Para Pessoas podia contar histórias da cidade e da sua comunidade – podia ser um órgão de comunicação social que auxiliasse na transição que Lisboa iniciou e com que se comprometeu: aumentar a mobilidade ciclável, pedonal e de transportes públicos, e diminuir em 28% a quota modal do automóvel até 2030, tornando-se uma capital mais humana, inclusiva e sustentável. Uma revista que se assumisse independente, colaborativa, convergente e sem segundas intenções. Uma plataforma digital que oferecesse informação e ferramentas para decisões mais ponderadas e conscientes, que ajudasse no debate público sobre o futuro da cidade e que apresentasse a sua proposta de valor – uma Lisboa Para Pessoas.
Ao longo deste 2021, o Lisboa Para Pessoas foi-se desenvolvendo enquanto órgão de comunicação social. Mais artigos, melhores artigos, artigos mais aprofundados. Passou a ter reportagens, entrevistas e também crónicas. O site foi ganhando novas secções, o design foi sendo retocado e as páginas ajustadas aqui e ali. Foi um ano de autárquicas e o Lisboa Para Pessoas mostrou que podia ser útil durante o sufrágio, mas sobretudo que podia ser um ponto de encontro da democracia e cidadania local além do tempo eleitoral. Nas caixas de mensagens, recebeu-se muito carinho e também muitas sugestões de temas, assim como várias preocupações de leitores e leitoras com a sua rua ou o seu bairro. O Lisboa Para Pessoas foi dando resposta, como verdadeira revista comunitária que é e que quer ser.
Neste primeiro ano de Lisboa Para Pessoas, orgulho-me do trabalho feito e que foi feito em parceria com o Shifter, que emprestou o seu conhecimento e experiência editorial de mais de oito anos. O Lisboa Para Pessoas é ainda um protótipo, um protótipo de algo que irá continuar a ser desenvolvido até haver vontade e que precisará de mais recursos humanos, de mais tempo e de dinheiro. Há muito por fazer e muito por melhorar, e em 2022 o projecto terá de dar o salto. Há muitas ideias, muita vontade de as concretizar.
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Obrigado e até 2022!