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Comboio para Amarante?

O comboio pode voltar a Amarante?

A Linha do Tâmega, desactivada entre 1990 e 2009, foi transformada em ecopista no troço a partir de Amarante. Entre Livração (Linha do Douro) e Amarante é possível pedalar por um trajecto de terra batida e duas pontes desactivadas. Não foi feita ecopista neste troço de 12 km e o motivo estará no eventual regresso do comboio a Amarante através de um novo eixo, denominado Linha do Vale do Sousa. Esta nova linha sairia da Linha do Douro em Valongo, passando por Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras, encontrando-se com Amarante e seguindo deste ponto pelo canal ferroviário desactivado até à Livração, cruzando de novo com a Linha do Douro.

A Linha do Vale do Sousa encontra-se inscrita no plano de investimentos do país para esta década e em discussão no Plano Nacional Ferroviário, que tem estado a ser desenvolvido num processo aberto ao público. Um dos objectivos-base traçados neste Plano é a ligação de todas as cidades com mais 20 mil habitantes à ferrovia nacional, o que é o caso de Paços de Ferreira. Do lado da CIM do Tâmega e Sousa e dos respectivos municípios parece existir vontade política para se desenvolver a Linha do Vale do Sousa, o que é um óptimo sinal.

Mas será que essa vontade irá dar em algo? Uma série de reportagens do jornalista Miguel Midões, publicada na TSF durante o Verão, dá conta da tristeza das populações que ficaram sem o comboio, fruto do desinvestimento nacional na ferrovia e da promessa, em vão, de recuperação da antiga linha. Aconteceu no Tâmega, e também no Corgo. A população acabou por se render ao automóvel ou, no caso dos mais idosos, a pagar “uma fortuna” em táxis.

A reactivação do troço Livração-Amarante, de cerca de 12 km, custaria 37,5 milhões de euros, segundo a Infraestruturas de Portugal, citada pelo Público. Já um estudo encomendado pela CIM do Tâmega e Sousa entende um “lucro” de 4,1 milhões de euros por ano só com a exploração da Linha do Vale do Sousa entre Valongo e Amarante (ou seja, sem a ligação à Livração), bem como ganhos sociais e ambientais de 5,3 milhões (sinistros rodoviários, poluição do ar, ruído, congestionamento…).