Já me tinha esquecido de que viajar de autocarro (longo curso) consegue ser uma experiência muito desconfortável, em comparação com o comboio. Não só o autocarro apanha quase sempre imprevistos na estrada, seja trânsito intenso ou obras que atrasam o seu percurso, como não nos permite aproveitar a viagem para trabalhar ou ler qualquer coisa. Mesmo com todos os problemas da nossa rede ferroviária, o comboio ganha em tudo: não fica parado no congestionamento, permite-nos ser produtivos e os lugares são bem mais espaçosos e confortáveis.
Se não tivéssemos cedido ao negócio das auto-estradas durante o Cavaquismo nem destruído a nossa ferrovia a partir dos anos 1980, podíamos ter hoje Portugal ligado por uma boa rede de caminhos-de-ferro, e aproveitar toda a comodidade do comboio para muitos mais destinos. Esperemos mesmo que o Plano Nacional Ferroviário – que está em discussão por aqui: pfn.gov.pt –, juntamente com o facto de a UE ter a ferrovia na sua agenda política, ajudem a reverter o triste e lamentável declínio do comboio no nosso país.
