Onde estão os residentes que tanto lutaram por estes lugares de estacionamento? 🤔
A história: em 2016, o projecto original da Avenida da República, que previa duas ciclovias undireccionais, uma em cada lado da avenida, teve de ser alterado por forte pressão dos moderadores, preocupados com o que seria uma grande redução da oferta de estacionamento na ordem dos 300 lugares. Mas a diminuição não chegou nem a uma centena com a opção de construir uma ciclovia bidireccional (hoje uma das mais percorridas da cidade) num dos lados da avenida, deixando o outro lado sem infraestrutura ciclável e com estacionamento em espinha (em vez de longitudinal). No final de contas, a Avenida da República ficou com mais sete lugares em relação à sua anterior configuração; só se perdeu estacionamento na praça do Saldanha (cerca de 60 lugares).
Mas porque é que estes lugares estão vazios num fim-de-semana à tarde? Lanço várias hipóteses:
- os residentes foram dar um passeio e levaram o carro;
- por causa do comércio fechado devido às restrições (numa zona com vários parques subterrâneos e muita oferta de transportes públicos e ciclovias);
- é fim-de-semana e não entram na cidade os 300-400 mil carros que vêm cá parar nos dias úteis.
Não sei a resposta mas fico a interrogar-me se estes lugares de estacionamento servem realmente os moradores que tanto lutaram por eles ou se servem quem vem de fora (e que poderia/deveria ser incentivado a procurar alternativas ao automóvel). O que sei é que, aqui ao lado, na Avenida de Berna, a centena de lugares que foi removida para a colocação de uma ciclovia e via BUS em cada sentido era ocupados maioritariamente por condutores de fora – bastava ver que, à noite, uma grande parte desses lugares estavam vazios. Dados da autarquia indicam que os residentes da zona ocupavam apenas 60% do estacionamento da avenida no período nocturno.
Esta publicação não tem conclusão. Serve apenas para lançar dúvidas e, para fechar, deixo mais uma: e se estes lugares vazios pudessem ser convertidos em espaço público de qualidade, a favor da cidade?