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Praceta dos carros

Não há árvores, não há espaço público de qualidade. Nesta praceta, mesmo ao lado do Mercado de Arroios, o espaço é do automóvel. Aqui atravessa-se o bairro, aqui estaciona-se. Há carros nas curvas e parados em cima de passadeiras. O ruído dos motores abafa as conversas nas esplanadas e os tubos de escape vão poluindo o ar (já nem se notam).

A restauração local tenta florescer por aqui. Os proprietários lá vão conseguindo trocar um ou outro lugar de estacionamento por um parklet – um pedaço de esplanada que se enche de vida e que enche o bairro de vida, ao contrário dos carros, parados, que o circundam. Nos passeios curtos, ajeitam-se mesas e cadeiras para “encaixar” os novos clientes que vão chegando a pé. Tenta-se não tirar demasiado espaço ao pouco que o peão já tem; discutem-se preciosos centímetros – um bocadinho mais para cá ou um bocadinho mais para lá. Tem de dar para passar uma cadeirinha de bebé e não pode ser muito em cima da porta do prédio.

Não me interpretem mal. É importante o estacionamento enquanto infraestrutura urbana, mas o que defendo é um equilíbrio, ou seja, que não seja o carro a determinar o espaço e tempo da cidade – a monopolizar o espaço público. Para mim, é fácil imaginar esta praceta sem estar sufocada por automóveis parados e sem ser usada para atravessar o bairro e sair deste. Uma praceta com árvores e ajardinada no centro, com passeios mais largos onde possam caber esplanadas e peões. Uma praceta que não estrangule a dinâmica comercial do bairro, nem a vida social deste, oferecendo zonas de esplanada mas também áreas de estadia e lazer para todas as pessoas, sem obrigatoriedade de consumo 💚