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Frio em casa

Passar frio em casa é um coisa muito muito portuguesa. Sistemas de aquecimento central, muito usados noutros países, não são comuns em Portugal e aquecer a casa por cá com equipamentos eléctricos acaba por sair caro na factura. Mais ainda: o isolamento térmico das nossas habitações é, no geral, mau. Resultado: quando as temperaturas são amenas, está tudo bem, mas em situações de extremos (como muito calor no Verão e muito frio no Inverno), estar em casa pode ser desconfortável. Vamo-nos safando com os agasalhos e as mantas, com as lareiras e os aquecedores portáteis, com as janelas abertas, as ventoinhas e os ares condicionados…

O Público tem um artigo recente e interessante sobre este assunto, intitulado “Pobreza energética: porque está Portugal entre os piores da UE?”. Deixo um excerto:

O aquecimento da casa é considerado pela UE um indicador básico para caracterizar o bem-estar das famílias. Mas enquanto na generalidade dos países da UE existem equipamentos de aquecimento central na maioria das habitações, em Portugal, segundo o Eurostat, apenas 13,3% possuem sistemas deste tipo.

Estes números relativos a Portugal são ilustrativos de uma cultura em que se privilegia o aquecimento corporal de cada indivíduo (através de agasalhos, por exemplo) em detrimento do aquecimento da casa. Trata-se de uma cultura bem diferente da dos países nórdicos em que as expectativas sociais relativamente ao aquecimento dos espaços interiores são altas, a ponto de ser frequente o custo do aquecimento estar incluído na renda paga (o que deixa os arrendatários sem incentivos económicos à redução do uso do aquecimento).