Nas traseiras do Hospital de Santa Maria, discretamente, cortam-se árvores para abrir espaço para mais estacionamento. Uma atrocidade. Se percorrermos as imagens de satélite do Hospital no Google Earth, percebemos rapidamente o quão drástica foi a redução da massa arbórea nos últimos anos – a diferença entre o verde de 2001 e o cinzento de 2020 impressiona.
O abate de árvores para criar espaço para o automóvel não é novidade mas pensava eu que era algo do século passado. Um caso para mim emblemático deu-se nos início dos anos 1990 na Avenida Miguel Bombarda, no Saldanha, onde com o argumento de ser preciso melhorar a fluidez do tráfego se alargou substancialmente aquela artéria à custa das árvores do então separador central.
No entanto, parece que recentemente o “assassinato” de árvores saudáveis voltou a ser uma praga. Além da situação no Hospital de Santa Maria, na Amadora, o jardim e as árvores que existiam num pequeno largo na Rua 9 de Abril foram derrubadas em pleno 2020 para abrir espaço para um estacionamento, segundo relatos partilhados online. Em Espinho, a Câmara decidiu abater árvores para construir uma ciclovia porque esta, aparentemente, não podia ocupar o espaço já existente na via. Um mês antes, em Braga, também a Câmara de Braga optou pelo abate para a construção de uma ciclovia em vez de tirar espaço ao automóvel ou de encontrar qualquer outra solução.
“O progresso não tem coração.”