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ZOC em Coimbra

A zona histórica de Coimbra está, aparentemente, vedada ao trânsito automóvel. Só cargas e descargas em determinados períodos do dia, acesso a viaturas oficiais e de emergência, e estacionamento limitado para residentes em áreas assinaladas. A prioridade nestas ‘Zonas de Acesso Automóvel Condicionado’ ou ZOC seria para a mobilidade pedonal. Existe sinalização vertical com desenhos de pessoas e inclusive pilaretes electrónicos instalados para controlar as entradas e saídas.

Mas da teoria à prática, vai infelizmente uma grande distância. A facilidade com que qualquer pessoa consegue entrar e estacionar na zona histórica – até com SUVs – revela falta de coragem. Os sinais são desrespeitados e os pilaretes nem funcionam. Estaciona-se em todo o lado, incluindo em cima de passeios e em largos há pouco tempo embelezados. Sempre que um carro quer passar o peão é obrigado a desviar-se e tantas vezes a espalmar-se contra uma parede. Pessoas com mobilidade reduzida não passam em inúmeras situações. O automóvel é mais uma vez supremo.

Pensava que a UNESCO tinha padrões mais altos. Não escrevo isto com desdém. Escrevo porque é necessário pensar nestas questões. É urgente humanizar as nossas cidades e recolocar o peão no centro das prioridades. Isso não significa extinguir o carro, mas repensar, reorganizar e reduzir o seu espaço. As zonas históricas são frágeis e não foram desenhadas para o automóvel, mas em Portugal este tem carta branca. Quantas vilas ou cidades conhecem em Portugal cujo centro seja inalcançável de carro? Consegue-se estacionar literalmente ao lado do Templo de Diana em Évora, que tal como Coimbra é Património Mundial reconhecido pela UNESCO!