Avançar para o conteúdo

Estacionamento

Um sábado de manhã. À entrada do parque de estacionamento do mercado municipal de Coimbra, os carros fazem fila e esperam por poder entrar. É que, estando o parque lotado, só quando sai um carro é que a cancela abre para deixar entrar outro. Resultado? Provavelmente, muitas mais pessoas poderiam estar a fazer compras naquele mercado por hora mas, como vão de carro, ficam presas à porta. Ou seja, os comerciantes poderiam estar a ganhar muito mais.

Esta situação fez-me pensar sobre quando as Câmaras tentam reduzir o estacionamento em frente ao comércio local para alagar o passeio ou inserir uma ciclovia. Os comerciantes vaticinam logo o fim dos seus negócios e, muitas vezes, conseguem contestar com sucesso essas alterações. Não poderiam estar mais enganados. Um estudo feito em Londres em 2018 verificou que quem acede a pé, de bicicleta ou de transportes públicos ao comércio local gasta 40% mais no comércio local que vai de carro (via Forbes). Em Oslo, cujo centro da cidade viu o trânsito automóvel ser substancialmente reduzido, as ruas e os negócios locais nunca estiveram tão cheios de pessoas (via Fast Company).

A pergunta a fazer deve ser esta: quantas pessoas conseguimos enfiar numa rua ou numa determinada área, não quantos carros. A resposta pode ser complexa – é preciso olhar para a cidade como um todo –, mas, de um modo geral, passa por equilibrar os diferentes modos de transporte, dar espaço e fluidez aos transportes públicos, melhorar a acessibilidade pedonal e tornar o carro uma opção menos atractiva.