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De bicicleta em Berlim

Bem, o que se aprende a andar de bicicleta em Berlim?

Estive em Berlim no início deste ano em misto de trabalho e lazer. Não conhecia a cidade e, para mim, as duas melhores formas de se descobrir um sítio que se desconhece são a pé e de bicicleta. Claro que eu, maluco das biclas, aluguei uma e aventurei-me durante uma hora. De repente, estações de metro e outros pontos soltos pelos quais tinha passado passaram a fazer sentido no mapa e a interligar-se. Ah ok, aquilo é ali e é perto daquela outra coisa, engraçado…!

Mas não foi apenas a geografia da cidade que passou a ficar mais clara para mim. Berlim não tem ciclovias verdinhas e bonitinhas como as de Lisboa – em vez disso, são riscos no chão e acho que isso permite à cidade ter uma boa infra-estrutura ciclável. É que em Lisboa o principal problema não são as subidas – são as ciclovias que acabam de repente e/ou que não têm as intersecções com peões e automóveis bem pensadas. Isso gera conflitos. Ora em Berlim não fiquei à toa em nenhuma parte do trajecto porque havia sempre ciclovia a continuar para o sítio onde estava a ir ou uma forma de virar sem chatear ninguém.

Por outro lado, achei Berlim uma cidade calma, onde as diferentes formas de transporte podem coexistir. Carros parecem respeitar as bicicletas, se calhar porque já estão habituados a partilhar estrada. E peões e bicicletas parecem entender-se super bem na partilha de espaço nos passeios. Berlim deu-me uma grande lição: não ser um brutamontes frustrado quando há uma pessoa na ciclovia ou um carro incomodado com a minha presença de bicicleta. No primeiro caso, pode ser distração ou desconhecimento – podemos pedir licença de forma cordial e simpática. No segundo caso, muitas vezes mais vale não responder e seguir caminho.

Pode ser que, um dia, Lisboa se torne mais Berlim. Até lá, podemos fazer a nossa parte.

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