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A agricultura e os migrantes em Odemira

Há dias cruzei-me com este artigo no Público:

Tenho notado, nestes últimos anos, num aumento considerável do número de migrantes no Almograve por causa da agricultura intensiva que existe nesta zona e pelo concelho de Odemira. De dia, trabalham nos campos agrícolas; no final do dia, são levados até casa em pequenas carrinhas. No Almograve há algumas casas alugadas onde vários desses migrantes vivem.

Esta questão dos migrantes e da agricultura intensiva em Odemira é um assunto que preocupa a autarquia e as populações, como noticia o Público. “O território não tem capacidade para acompanhar as exigências da nova agricultura na oferta de habitação aos imigrantes, de infra-estruturas, de desenvolvimento social, de articulação cultural, de aumento populacional em tão curto espaço temporal”, defende o presidente da Câmara de Odemira, José Alberto Guerreiro, numa altura em que a Associação dos Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos Concelhos de Odemira e Aljezur (AHSA) pretende alargar a a área de produção no chamado Perímetro de Rega do Mira dos actuais 1600 hectares para 3600 hectares. O Presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova de Milfontes, Francisco Lampreia, diz já ser “impossível encontrar habitações para alugar” em Milfontes porque as casas encontram-se “ocupadas por migrantes”, em condições por vezes chocantes, e sem que haja “fiscalização por parte das entidades” competentes.

Milfontes está cheia de migrantes, Almograve também. Não me lembro de há meia dúzia de anos ser assim. Parece que já se vêem mais migrantes que alentejanos, o que acaba por descaracterizar as vilas e aldeias da região, e que a situação está meio descontrolada. Os autocarros da Rede Expressos que passam aqui no Sudoeste Alentejano para Lisboa ou vice-versa estão quase sempre cheios de migrantes.

Dados de 2017 do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), dão conta de 8,5 mil migrantes legalizados no distrito de Beja, sendo que 58% destes trabalham e residem no concelho de Odemira. Segundo a Câmara, cerca de 19% da população total do município é migrante; a grande maioria é tailandesa, nepalesa, indiana e búlgara. A Vitacress e a Maravilha Farm são as duas principais empresas empregadoras na região e duas das maiores produtoras agrícolas do país.

O problema não está no acolhimento dos migrantes, mas na capacidade do território de conseguir suportar o acréscimo populacional. O problema está também nas condições que essas pessoas recebem. Pode ser só de mim mas não parecem os indivíduos mais felizes do mundo, e toda a história do trabalho agrícola, do transporte em carrinhas e da pernoita em casas lotadas não me parece o cenário humanamente mais adequado.

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