Leiria é aquela pessoa que não se dá a conhecer facilmente. Não é uma cidade turística como Óbidos ou Nazaré; é mais tímida e discreta, mas quando insistimos e puxamos conversa começamos a descobrir os seus encantos. De Leiria para o resto do país e para o resto do mundo também tem saído muito boa música: Surma, First Breath After Coma, Whales, Nice Weather For Ducks… Nomes editados pela Omnichord Records, que é de cá. Há uma “cena musical” muito forte em Leiria, que as fachadas por vezes semi-adormecidas do centro histórico não contam. Mas se há algo que aprendi no curto tempo que estive em Leiria é que não podemos julgá-la pela fachada. Um hostel que podia ser só um hostel com aquela “atitude jovem” de tantos hostels, e que passa bem despercebido na Rua Direita (que é tudo menos direita), vai a ver-se e é afinal um dos mais aprazíveis e concorridos bares da cidade. Lá todos se conhecem e quando não se conhecem passam a conhecer-se. E quando se perde algum tempo a falar com Leiria, percorrendo ruas e praças, esbatemos num festival de cinema que vai arrancar não tarda ou no Festival A Porta, que próximo ao Verão revira o centro histórico do avesso com concertos e abre a porta de casas de pessoas convidando desconhecidos a ir lá jantar.