Quando a “parte nova” de Telheiras foi construída no final do século XX, criaram-se ruas largas e grandes avenidas. Era assim que se pensavam as cidades, na altura: o carro tinha de conseguir circular à vontade, e tinha de haver espaço para o estacionar. Assim, por algum motivo achou-se que era boa ideia atravessar uma zona residencial com uma avenida de 3 faixas de cada lado que culmina numa rotunda de 5 faixas.
O trânsito naquela artéria é, fruto disso, denso – principalmente às horas de ponta – e a velocidade dos automóveis muitas vezes excessiva; fora todo o ruído que tudo isso provoca – tenho de ter vidros duplos em casa para isolar o barulho e mesmo assim ouve-se. Atravessar aquela avenida (Avenida das Nações Unidas) ou a rotunda (Praça São Francisco de Assis) a pé implica fazer algumas voltas e, mesmo assim, pode ser assustador para alguns peões de mais tenra idade.
Quase três décadas depois da construção daquela aberração de avenida e rotunda, a Câmara decidiu iniciar obras de “acalmia do tráfego”. Começaram no final de Janeiro e vão decorrer agora durante Fevereiro. Incluem a redução de faixas (na avenida de 3 para 2 e na rotunda de 5 para 2), a construção de uma ciclovia que vai ligar à já existente na Avenida Cidade de Praga e melhoria da acessibilidade pedonal.
Não se percebe, na informação disponibilizada pela Câmara, como irão ficar a avenida e a rotunda depois das obras. Certo é que, ao contrário do inicialmente previsto (uma ciclovia bidireccional), vão ser criadas duas vias unidireccionais na avenida e que a redução das faixas será feita com recurso a pilaretes e pinturas no chão. Pelas obras, também não parece que a ciclovia na rotunda e na avenida irão ligar directamente à já existente na Avenida Cidade de Praga, ficando ali um interregno de alguns metros; e do lado de Telheiras não há sinais de existir continuidade (ou seja, só uma parte da Avenida das Nações Unidas será intervencionada por agora).