O Web Summit tem um significado diferente para cada pessoas e para alguns não lhes diz absolutamente nada. É normal. Há muita coisa a acontecer por lá e, como num grande festival de música, gosto de não ficar confuso com todo o frenesim do evento e tentar aproveitar 3 ou 4 oradores que de outra forma dificilmente teríamos a oportunidade de ver em Lisboa.
Tim Berners-Lee, o criador da Web (e não da Internet, são coisas diferentes), apresentou em Lisboa uma ideia para resolver os seus problemas: juntar governos, empresas e cidadãos e fazê-los assinar um contrato, uma espécie de compromisso global. Já Christopher Wylie, o senhor de 28 anos que contou tudo sobre a Cambridge Analytica, deu uma daquelas conferências com tanta informação que não foi fácil fazer um resumo. Desvendou que, mais que roubar dados do Facebook ou puxar o eleitorado para um lado, o propósito da Cambridge Analytica era provocar uma guerra cultural nos EUA, aproveitando-se dos mais vulneráveis à desinformação. Um dos responsáveis pelo The Guardian, um dos melhores jornais do mundo e uma inspiração, explicou o modelo de negócio, detalhando que o diário britânico já ganha mais dos leitores (através de doações e subscrições) que da publicidade. E Ev Williams (Medium, Twitter, Blogger…) falou sobre a economia da atenção, como ela nos deu boas coisas (por exemplo, movimentos globais como o #MeToo) mas também más coisas (principalmente na área do jornalismo).
E o Rui Sousa ainda foi conhecer a Workfyme, uma start-up portuguesa que diz que a dinâmica do Web Summit. E com a ajuda da Susana Martinho explicámos que a robô Sophia não é inteligente e que nos devia as atenções para o que a SingularityNET realmente pretende: criar um cérebro digital que todos podem usar nos seus softwares e hardwares, e aperfeiçoar. Já a Joana Rita Sousa procurou a filosofia e a humanidade do Web Summit, fez perguntas e encontrou respostas que partilha em dois artigos.
Ouvi comentários sobre este Web Summit ter sido mais fraco. Não achei. Se calhar esse sentimento deveu-se ao facto de já ser a 3ª vez do evento em Lisboa e, por isso, tudo aquilo já mais ou menos expectável. E, sim, o Web Summit vai ser nos próximos 10 anos aquilo que foi este ano e nos dois anteriores.
Para a comunicação social, o Web Summit também tem significados diferentes e uma coisa de que gostamos no Shifter é de tempo, e foi tempo o principal ingrediente que usámos para escrever os nossos artigos. Conteúdo produzido no Web Summit mas que vive para além do evento.