Avançar para o conteúdo

O botão de “gosto”

O “like” do Facebook e “heart” do Twitter

Ler, comentar e partilhar. Era isto que se podia fazer na internet pré-redes sociais. Mas depois surgiu o botão de “gosto” e este rapidamente passou a fazer parte da cultura digital, a um ponto tal que passou a ser possível gostar de tudo e mais alguma coisa – posts e tweets, vídeos no YouTube, músicas no Spotify… O “gosto” tornou-se não só um indicador dos nossos interesses e preferências para os nossos amigos/seguidores, mas também para os algoritmos que definem os nossos feeds, moldando como os conteúdos são distribuídos/propagados online.

No fim de contas, o “gosto” tornou-se tão intrínseco à internet que é hoje difícil imaginá-la sem ele e, por isso, a notícia de o Twitter estar a equacionar remover o botão de “gosto” chamou-me à atenção. Se chegar a fazê-lo, será uma decisão arriscada mas bastante interessante de vários pontos de vista.

Dou “gosto” quando um tweet tem uma informação que me interessa, apresenta uma perspectiva fixe, incluí uma boa piada ou por um outro motivo igualmente plausível. No fundo, dou “gosto” quando gosto de um tweet, mas consigo ver alguma preguiça neste gesto – é um botão mais fácil de clicar para mostrar concordância do que iniciar uma discussão. Posso achar que não tenho mesmo nada a dizer, mas se calhar estou demasiado habituado à existência do botão que nem tento começar um comentário. E caso não tenha efectivamente nada a dizer, porquê gostar? Porque não só ler e ficar calado? Tenho de reagir? Será que botões como o do “gosto” estão a tornar-nos mais preguiçosos intelectualmente?

O “gosto” é também um número que pode gerar na outra pessoa um estímulo de gratificação social. No Facebook ou no Instagram, uma publicação sem “gostos” é uma publicação falhada (para nós, humanos, e para os algoritmos); no Twitter não é bem assim, mas este parece empenhado em fomentar diálogos positivos e construtivos, mais do que ser uma rede social onde as pessoas vão para partilhar unidireccionalmente e a favor do seu ego. Com ou sem “gosto”, o Twitter já é dos melhores locais para discutir ideias e partilhar interesses, e no futuro poderá ficar ainda melhor neste campo.

Em baixo, uma breve discussão sobre este tema que decorreu na Comunidade Shifter, no Facebook. Giro, como notou o Jorge, ver tantos usos diferentes para um mesmo botão numa amostra tão pequena.

Etiquetas: