Avançar para o conteúdo

Novamente o Facebook e a Cambridge Analytica

O caso dos Cambridge Analytica Files deu que falar esta semana e certamente que continuará a dar que falar. Quem também falou esta semana, mais concretamente, hoje, quinta-feira foi Mark Zuckerberg, depois de um período de silêncio ensurdecedor. Escreveu, como é habitual em momentos de controvérsia, um longo post no seu Facebook e, como é menos habitual, desdobrou-se em entrevistas a alguns órgãos de comunicação social, como a CNN, o Recode e a Wired.

Um dia antes, na quarta-feira, a comunicação social já perguntava onde andava Zuckerberg – em silêncio desde que o escândalo surgiu no início da semana. Este foi o headline do The Guardian:

Esse silêncio motivou um mais-ou-menos-extenso artigo do meu lado, a que dei o título “O Facebook está em crise e o Mark Zuckerberg em silêncio” e que ilustrei com aquela capa da Wired, que me pareceu a imagem perfeita. Nesse artigo fiz basicamente um ponto de situação de toda a polémica.

Apesar das muitas entrevistas que deu, os Cambridge Analytica Files estão longe ainda de ter um ponto final. Josh Constrine reuniu no Twitter e depois no TechCrunch algumas das questões que ficaram por esclarecer. Uma delas – talvez a mais importante – sobre porque é que o Facebook tentou ameaçar o The Guardian e o The Observer com acções legais quando queriam revelar o escândalo, lançando as suas peças.

Esta semana escrevi bastante sobre o Facebook, incluindo este textinho:

O Facebook custa dinheiro. São mais de dois mil milhões de utilizadores que todos os meses usam o site para se conectarem aos amigos, lerem notícias, verem vídeos, etc. Tudo isso tem custos ao nível de servidores, energia, manutenção técnica… por aí fora. Assim, a empresa precisa de dinheiro para alimentar o Facebook e, para que o serviço possa ser gratuito (e, por isso, atractivo) baseia-se num modelo de negócio sustentado em publicidade. Na prática, a empresa tenta traçar um perfil o mais completo possível cada um dos seus utilizadores, com base nos dados que estes lhe dão e em informação que infere da sua actividade, e disponibiliza esse perfil a anunciantes, permitindo-lhes comprar publicidade super segmentada na rede social.

Este modelo de negócio não é exclusivo do Facebook – também o Twitter e os múltiplos serviços da Google são serviços gratuitos e baseados em publicidade. É dessa forma que todos estes players pagam as suas contas e fazem dinheiro extra que torna os investimentos atractivos. Não nos podemos esquecer de que o Facebook, o Twitter e a Google são empresas norte-americanas com fins lucrativos.

Ao utilizar os produtos de qualquer uma destas firmas, é importante termos consciência destas questões antes de, ingenuamente, clicarmos na opção de aceitar os termos e condições. É que nem o Facebook, o Twitter ou a Google são serviços públicos – apenas meros mediadores que facilitam determinados processos online, num modelo de internet ainda altamente centralizada. Podemos em alternativa falar com os nossos amigos através de uma lista de contactos ou acompanhar as notícias de sites que conhecemos por um feed RSS, sem que os nossos dados pessoais estejam a ser monitorizados e vendidos a anunciantes.

A versão integral está aqui – é sobre como gerir as aplicações associadas à nossa conta de Facebook.